quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

RCC unida em oração pelas vítimas da tragédia em Santa Maria

Desde o dia 27 de janeiro, nosso país vive um momento de dor pelo trágico incêndio acontecido em Santa Maria/RS. Nesse momento de tristeza, queremos convidar os carismáticos de todo o Brasil a, juntos, fazermos aquilo que nos é próprio: rezar com ardor, com fé expectante. Sugerimos que a RCC, em cada uma de suas instâncias, se una em oração por todos os atingidos por essa tragédia: jovens, familiares, amigos.

Que do nosso meio, suba ao Céu um clamor pela salvação dos que já partiram, pela cura dos jovens que continuam hospitalizados e pela restauração das famílias que tanto estão sofrendo.

Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé! (I Jo 5,4b)

Santa Maria, rogai por nós!

Katia Roldi Zavaris – presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL
Darlen Macedo Vaz – presidente do Conselho Estadual da RCC do Rio Grande do Sul
Maria Isabel Pandolfo Flores – presidente do Conselho Arquidiocesano da RCC de Santa Maria

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Madre Teresa de Calcutá - ( Filme COMPLETO )


Karol - Um homem que se tornou Papa - Dublado - Filme Completo


Filme Completo: SÃO PADRE PIO DE PIETRELCINA


PARA REFLETIR


  "Ser feliz ou ter razão?"

Ouvi esse texto há muito tempo no Mais Você.
A partir de então sempre me questiono quando me vejo em situações onde o conflito parece inevitável.
... Quero ser feliz ou ter razão?
Acreditem, tem funcionado na maioria das vezes...rsrs
Espero que possa ser útil a você também.
Eis o texto:

Oito da noite, numa avenida movimentada.
O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos.
O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair.
Ele conduz o carro.
Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda.
Ele tem certeza de que é à direita.
Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida.
Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno.
Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados.
Mas ele ainda quer saber:
Se tinha tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devia ter insistido um pouco mais...
E ela diz:
Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.
Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!

E quantas vezes estragamos não só uma noite, mas nossas vidas por querermos ter razão, não é mesmo?
 
 
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ano da Fé... Mas o que é mesmo a Fé?



Escrevo este breve artigo no domingo das eleições municipais em nosso país. Não, caro leitor... Não falarei de política, mas de algo que ouvi em um importante meio de comunicação. Explico-me: em uma determinada comunidade católica, ocorreu um crime eleitoral de boca de urna. Evidentemente sou totalmente contra este tipo de atitude. E os que a noticiavam em uma importante emissora de rádio de nosso país também o eram. Nisso nós concordamos. Impressionou-me, porém, o depoimento de um dos entrevistados: “Vou à missa pra viver a minha fé e nela encontrar paz e sossego”.

Esta frase me incomodou. Doeu nos ouvidos... E não por causa da situação inusitada na qual ela foi pronunciada, mas porque esta pessoa, os radialistas e a maioria dos que criticavam a “boca de urna” interpretavam a manifestação de fé em uma Igreja como “momento” para sentir “paz e sossego”, longe dos acontecimentos que nos rodeiam. E quantas pessoas compreendem assim a sua manifestação religiosa...
Coincidentemente, no mesmo dia, assisti a um documentário produzido por uma importante emissora da TV dos EUA que evidenciava o embate entre a fé cristã e as descobertas científicas. Muito interessante, por sinal! Porém, os que debatiam faziam-no comparando a fé a um conhecimento humano racional – como que um conjunto de afirmações que pudessem ser comprovadas por experimentação, utilizando-se do método científico.

Compreendi nesse instante porque o Santo Padre, o papa Bento XVI, proclamou o Ano da Fé para comemorar os 50 anos do Concílio Vaticano II... “Algo precisa ser mudado!”

Não é incomum percebermos pessoas que acreditam que ter fé é ter um “refúgio seguro” para descansar, como se fosse um sentimento de sossego ou quietude aos moldes do Zen Budismo. Ou mesmo há os que desejam que sua fé os conduza a emoções fortes, grandes êxtases espirituais. Há ainda os que transformam a fé em um ato político em contraste com outros atos políticos existentes. Não são poucos os que entendem a fé como um conjunto de conhecimentos mais ou menos estruturados acerca da ordem das coisas. E ainda há aqueles que compreendem a fé como um conjunto de normas e leis a serem cumpridas...

Parece realmente que muitos de nós esquecemos o real significado da palavra “fé”. O Papa Bento XVI, no moto próprio “Porta Fidei” assim se expressou: “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé.” (Porta Fidei, 2). De fato, se perguntados sobre o que significa professar uma fé, muitos contemporâneos nossos responderiam com fatos, sentimentos, consequências, situações, momentos que brotam de sua fé, e não propriamente com o que seja realmente a fé em si.

“A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vêem.” (Hb 11,1). O autor da Carta aos Hebreus dedica diversas linhas de seu texto a explanar sobre o tema da fé. E inicia com a frase supra citada. Nela não encontramos propriamente uma definição aos moldes científicos, mas um testemunho. Aliás, todo o capítulo 11 deste livro apresenta a fé como uma experiência vivencial da qual se dá testemunho com palavras e obras.


Primeiramente, a carta aos Hebreus nos diz que a fé é uma certeza. Mas de que tipo de certeza o autor bíblico nos fala? Seria uma certeza científica? Seria uma certeza teórica? Seria um sentimento que dá segurança e estabilidade?

Antes de adentrarmos mais aprofundadamente no sentido profundo das palavras da Carta aos Hebreus, será preciso compreendermos um pouco mais acerca do que significa ter certeza. Diante das diversas informações que nos são passadas diariamente, existem diversos níveis de comprovação que nos garantem a certeza em relação a elas.

A primeira delas é a certeza como ato de confiança em uma testemunha qualificada: trata-se do ato de dar crédito a uma palavra por causa de quem a falou. Explico-me. Acreditamos na história que nossos pais nos contaram acerca de nosso nascimento, acreditamos em uma notícia apresentada em um telejornal, acreditamos nos sentimentos positivos de nossos amigos em relação a nós. Este crer racional perpassa todas as nossas ações, todos os dias. Não podemos exigir comprovação de todas as informações que nos são comunicadas. Ficaríamos malucos. Apenas acreditamos na informação dada por causa da confiança na pessoa que no-la transmitiu.

Muitas pessoas consideram o ato de ter fé como se fosse este tipo de certeza. Creem em Deus por tradição familiar, porque sempre foi assim, porque o padre disse, porque a catequista disse... É verdade que a fé cristã depende das testemunhas que nos transmitiram seus conteúdos. Dependemos do testemunho daqueles que nos evangelizaram... Dependemos da fiança que depositamos nos autores das Sagradas Escrituras... Mas a fé não se reduz a isso. Não é desta certeza que fala a Carta aos Hebreus. De fato, percebemos cada vez mais em nossos dias que as pessoas têm rejeitado a Igreja justamente porque eram católicos apenas por tradição. Num passado não muito distante, todos se diziam católicos... Mas quantos realmente frequentavam nossas Igrejas? Quantos realmente apresentavam convicções acerca de sua fé? A fé contém tradição, implica no testemunho de pessoas qualificadas, mas não pode depender apenas disto, senão morre.

A segunda forma de se manifestar certeza é pela experimentação e comprovação científicas. No saber científico podemos ter uma certeza bastante plausível de que aquela informação, demonstrada por métodos rigorosamente observados, é verdadeira. Esses métodos rejeitam quase que completamente o testemunho de uma autoridade. Por meio de seu rigor acadêmico, nossa sociedade atual atinge níveis de conhecimento acerca da realidade nunca antes imaginados por nossos antepassados. Os avanços tecnológicos que brotam desse tipo de saber comprovam que é válido e salutar incentivar seu crescimento.

Mas seria a fé uma certeza científica? Evidentemente não. Não podemos comprovar os conteúdos da fé por meio de experimentação em laboratório. Isso é impossível. Percebemos as realidades divinas presentes em nosso meio, mas elas dizem respeito à outra ordem de coisas. Deus não pode ser medido, mesmo que possa ser tocado e sentido. Deus não cabe num tubo de ensaios, mesmo que percebamos seus sinais. Deus é o totalmente outro, intangível, mesmo que alcançável. Não podemos cair na tentação de querer comprovar ou refutar a existência de Deus por meio de cálculos matemáticos, formulações da física, química, psicologia, biologia... Ele está para além disso. Ter fé, portanto, difere também deste saber.

Em síntese: a fé não pode ser reduzida a um conjunto de afirmações teóricas, apesar de manifestar-se teoricamente... Ela não é sentimento, apesar de despertar sentimentos. Ela não é uma certeza racional, nem uma certeza sentimental, apesar de expressar-se racionalmente ou emocionalmente.

E mesmo assim a fé é uma certeza. De que tipo de certeza então trata a Carta aos Hebreus? Recorramos ao Evangelho! Nosso Senhor Jesus Cristo assim se expressou diversas vezes: “A tua fé te salvou”. Havia no coração de cada pessoa curada por Jesus um elemento anterior, que dava segurança de que não sairiam confundidos se depositassem sua esperança em Jesus Cristo. Esse elemento anterior dava a certeza de que em Jesus Cristo estava a verdadeira salvação. "Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível." (Mt 17,20). Fé, portanto, é uma segurança, baseada na experiência e que aponta para um futuro.

A experiência que baseia a fé não é científica; nem tampouco depende da afirmação de uma autoridade; ou de um sentimento emocional... A fé genuína é um encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Um encontro que modifica tudo, altera tudo, transforma tudo. É uma experiência existencial que implica todo o ser e faz apostar tudo, deixar tudo para possuir este tesouro experimentado. Ela atinge toda a vida, isto é, não diz respeito a uma descoberta histórica apenas, mas na imersão em uma história que, mesmo tendo ocorrido a milhares de anos, não se esgotou e atinge o agora da pessoa, comprometendo todo o seu futuro, fazendo com que toda a vida dependa deste alguém para o qual tudo se entrega.

Mesmo não vendo, vemos... Mesmo não ouvindo, ouvimos... Mesmo não tocando, tocamos... Mesmo na ausência, testemunhamos a presença... Esta é a fé cristã! Não é deste mundo, mas está neste mundo! É um dom que brota do encontro de duas sedes: a sede humana de um sentido infinito e a sede de Deus que nos ama infinitamente. Não é uma dimensão da vida... É a própria VIDA que brota de nossos corações pela ação do Espírito de Deus!



Pe. Alexsander Cordeiro Lopes
Mestre em Teologia pela PUC/PR
Diretor Espiritual do Ministério Jovem

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Esperança


Gostamos de ano novo, roupa nova, carro novo, gente nova e bonita, ruas limpas, cidade organizada. Ninguém foi feito para curtir o desgaste e a feiura. Alegra-nos pensar que nascem de novo nossas esperanças, quando se abre o mês de janeiro. É muito bom gostar e curtir as esperanças fundadas na certeza de Deus nos fez para um mundo digno e bem tratado. Fomos feitos para a felicidade!

Contudo, muitas esperanças são frustradas através do choque com a dura realidade, de forma a gerar em muitas pessoas um pessimismo crônico diante dos acontecimentos e do mundo. Quando todos os municípios de nosso país acolheram novos representantes para o poder legislativo e novos prefeitos à frente do executivo, sensações contraditórias tomam conta dos cidadãos. De um lado, é sempre o novo que vem à tona, cheio de promessas. Mas o refrão repetido tantas vezes da desconfiança nos políticos pode esvaziar o entusiasmo.

Mais ao nosso alcance cotidiano, emprego novo ou primeiro emprego, aumento de salário, volta de férias, novo chefe na repartição, casa diferente, transferência, o casamento esperado. As surpresas estarão à nossa espera nos próximos doze meses, um dia depois do outro. E a cada dia basta o seu cuidado (Cf. Mt 6,34)! Por que tantas inquietações tomam conta de nosso coração? Erramos o alvo ao apostar no que é novo e promissor? Quais as razões para as muitas frustrações? Como preveni-las?

Nas últimas semanas, muitas pessoas arrumaram a casa e a vida para o fim do mundo, que não veio. Outras correram avidamente às previsões das várias categorias de adivinhos disponíveis no mercado! E muita gente ganhou dinheiro com tais oráculos! Os cristãos que fizeram a opção por seguir Jesus Cristo e querem viver o Evangelho com seriedade se encontram numa situação diferente. O ensinamento da Carta de São Pedro revela-se oportuno: “Ora, quem é que vos fará mal, se vos esforçais por fazer o bem? Mais que isso, se tiverdes que sofrer por causa da justiça, felizes de vós! Não tenhais medo de suas intimidações, nem vos deixeis perturbar. Antes, declarai santo, em vossos corações, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir” (1 Pd 3,13-15). Nosso convite de início do ano é para que todos cheguem justamente a compartilhar as razões da esperança.

De esperanças passamos à Esperança. Esta é a chave! Não apostamos nossa vida no sucesso aparente do lucro ou da vitória garantida e fácil. Não confundimos salvação com prosperidade imediata, não queremos chamar Deus à obra de nossas mãos (Cf. Os 14,4). Se porventura o ano que começa nos encontrar na cruz, que a mesma fé e a mesma confiança em Deus subsistam em nós! Esperança é virtude teologal, dada de presente no Batismo. Trata-se de viver na esperança, não apenas de esperanças. Viver com a mesma firmeza, na luz ou na escuridão, diante da vida ou da morte, fortes ou fracos, segurando nas mãos de Deus.

A prática do bem e das diversas virtudes humanas, a serem exercitadas no dia a dia do ano novo, tem seu fundamento nas chamadas virtudes teologais (Cf. Catecismo da Igreja Católica, números 1812-1829), que fundamentam e orientam as ações dos cristãos. São dadas por Deus para que sejamos capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna. São elas a Fé, a Esperança e a Caridade.

Com a virtude da Esperança, desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a vida eterna, colocando nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos no socorro da graça do Espírito Santo, mais do que em nossas forças. “Continuemos a afirmar a nossa esperança, sem esmorecer, pois aquele que fez a promessa é fiel” (Hb 10,23). “Este Espírito, ele o derramou copiosamente sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, justificados pela sua graça, nos tornemos, na esperança, herdeiros da vida eterna” (Tt  3,6-7).

A aspiração à felicidade, plantada por Deus em nossos corações, é respondida pela virtude da esperança. Com ela, todas as expectativas que inspiram as nossas atividades são assumidas e ganham sentido. A partir dela, são purificadas as intenções, equilibrados os impulsos e eventuais exageros, moderada a concupiscência. Vale, sim, esperar o dia de amanhã, a aprovação num concurso, a casa nova e toda uma lista de coisas boas. Tudo encontra o seu lugar quando não é absolutizado. Só a escolha do seguimento de Jesus Cristo, aquele que é a única esperança, pode dimensionar adequadamente nossos afetos e sonhos.

“Espera, ó minha alma, espera. Ignoras o dia e a hora. Vigia cuidadosamente, tudo passa com rapidez, ainda que tua impaciência torne duvidoso o que é certo e longo um tempo bem curto. Considera que quanto mais pelejares, mais provarás o amor que tens a teu Deus e mais te alegrarás um dia com teu Bem-Amado em gosto e deleite que não podem ter fim” (Santa Teresa de Jesus, excl. 15,3). Para esta serenidade, é necessário confiar além do tempo e das vicissitudes dos dias que correm. O cristão, certo de que a “esperança é como uma âncora segura e firme” (Hb 6,19), tem a garantia de que o ano que começa será o melhor de todos e os que se seguirem, melhores ainda!


Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará e assessor eclesiástico da RCCBRASIL

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé


A proclamação do Ano da Fé pelo Papa Bento XVI, no último mês de outubro, e a escolha da temática da fé para orientar os trabalhos da RCC em 2013 são convites explícitos a um testemunho cristão verdadeiro.
Diante de um contexto social, muitas vezes, hostil à fé, aprofundarmo-nos em tal assunto é fundamental para uma vida autêntica.

Por James Apolinário
Presidente do Conselho Estadual da RCC Ceará
Grupo de Oração Água Viva


No contexto social de hoje, com modelos e exigências que conduzem os homens a crerem apenas em si próprios, nas suas capacidades, forças, talentos, planos e dinheiro, viver a fé é um grande desafio. Num mundo permeado de ideologias laicistas, hedonistas e relativistas, a fé em Deus encontra-se muito fragilizada e, na maioria das vezes, se tornou uma fé tradicional, vaga, confusa, subjetiva, superficial, fria e indiferente. O Espírito Santo quer ser o artífice da fé e vem ao mundo de hoje reavivar, dar um novo sentido à vida cristã. E a Renovação Carismática Católica, como movimento eclesial,  estará em 2013 mobilizada na proclamação da fé. Como movimento profético, a RCC em todo Brasil declarará publicamente que a vitória que vence o mundo é a nossa fé (cf I Jo 5,4b). Na tentativa de colaborar na reflexão sobre esse tema, pretendo transcorrer neste artigo a via da fé contida nas Sagradas Escrituras, no Magistério da Igreja e o conceito da fé carismática.

A Fé segundo as Sagradas Escrituras

No capítulo 11 da carta os Hebreus, o autor relata repetidamente que “foi pela fé” que no Antigo Testamento tudo ganhou sentido, foi realizado e criado. O termo “fé” era usado para expressar um relacionamento interpessoal com Deus, num sentido de entregar-se a Ele (Gn 15,6; Ex 14,31; Nm 14,11), de todo o teu coração, de toda alma e de todas as forças (Dt 6,5), entregar-se à palavra salvífica de um Deus que conduz a história. Desde Abraão, a Palavra de Deus já trata da fé (Gn 22,1) provada para mostrar uma obediência fiel à voz de Deus, utilizada para designar o ato de ser firme e fiel. Assim, a fé é um ato pessoal: a resposta livre do homem à iniciativa de Deus que se revela. Ela não é, porém, um ato isolado. Ninguém deu a fé a si mesmo, assim como ninguém deu a vida a si mesmo.  Por isso dizemos que nossos desejos e interesses devem fundir-se com a vontade de Deus, pois eles se manifestam se nossa fé é verdadeira e sincera, repousando unicamente na Palavra de Deus.  Significa também conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens. Todos eles são feitos "à imagem e à semelhança de Deus" (Gn 1,27).

O apóstolo Paulo nos diz que “O justo viverá pela fé.” (Rm 1,17) – “Porque andamos pela fé e não pelo que vemos.” (II Cor 5,7). A fé, pois, é um elo do humano com o divino para trazer à vida do homem o poder de Deus na luta contra o poder do mal. No Novo Testamento a fé é relacionada de inúmeras formas, mas tendo como único centro a pessoa de Jesus, anunciando incansavelmente o Reino de Deus por palavras e obras num apelo a uma reposta na fé para a aceitação do plano de Deus. Esse plano mostra que o encontro pessoal e direto com Jesus é a fonte de conhecimento da própria existência do homem e de Deus. Que para conhecer Deus e Nele crer, devemos conhecer acima de tudo Aquele que foi enviado por Ele e Nele crer. É necessária uma entrega, um abandono como o coração de uma criança, em virtude dessa mesma fé.

A Fé segundo o Magistério da Igreja

O Papa Bento XVI, em sua carta escrita de motu próprio, ou seja, "de sua iniciativa própria", intitulada de Porta Fidei – indica que a porta da fé , que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na Sua Igreja, está sempre aberta para nós.   A Proclamação do Ano da Fé, iniciado no último dia 11 de outubro, mostra que a identidade própria dos cristãos se dá mediante a fé, via única para o encontro pessoal com Cristo-Palavra e Cristo-Eclesia por assim torna autêntico o testemunho de ser cristão.

A Igreja precisa se opor às "marés de modismos e das últimas novidades” . Na medida em que as mudanças de época atingem os critérios de compreensão, os valores e as referências, os quais já não se transmitem mais com a mesma fluidez de outros tempos, torna-se indispensável anunciar Jesus Cristo, apresentando, com clareza e força testemunhal, quem é Ele e qual sua proposta para toda a humanidade. De um lado é o agudo relativismo, próprio de quem, não devidamente enraizado, oscila entre inúmeras possibilidades oferecidas. De outro, são os fundamentalismos que, se fechando em determinados aspectos, não consideram a pluralidade e o caráter histórico da realidade como um todo. O laicismo militante, com posturas fortes contra a Igreja e a verdade do Evangelho, a irracionalidade da chamada cultura midiática, o amoralismo generalizado. O niilismo definido como a implosão da subjetividade, como uma descrença em qualquer fundamentação metafísica para a existência humana; as atitudes de desrespeito diante do povo; um projeto de nação que nem sempre considera adequadamente os anseios deste mesmo povo.

...a vitória que vence o mundo: Fé Carismática

A fé é um dom que o Espírito Santo colocou à disposição do homem para que ele possa experimentar da onipotência de Deus. Mas, como alcançar a fé que traz a vitória? A Vitória é o resultado de quem luta!

Estamos em luta constante contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. (Ef 6,12). O mundo, no contexto do trecho de 1 Jo 5,4b,não significa a terra como realidade temporal. O mundo, aqui, significa tudo o que resiste à Obra de Deus, tudo e todos os que não creem. Mundo como a soma de todos os poderes transitórios que se opõem a Deus. A fé como carisma – fé espectante - que todos temos em certa medida, a qual pode ser desenvolvida e tornar-se uma força vencedora na vida do homem, se manifesta quando uma pessoa é movida a ter uma confiança íntima de que Deus agirá precisamente de forma atual. Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão, a uma firmeza de atitude, a um ato que libera a bênção de Deus (cf. Mc 11, 22-23; Mt 11, 24; Ex 14, 13-14; 1Rs 18, 20-40).

Urge a necessidade de uma proclamação da fé por todos os cristãos que realiza-se através do testemunho prestado pela vida dos que creem: de fato, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra da verdade que o Senhor Jesus nos deixou.  “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11,1). Essa certeza de que Deus age é tão especial e o resultado manifesta a glória de Deus. A Bíblia nos diz que “Sabendo que a prova da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança” (Tg 1,3). A fé, precisamente, é um ato da liberdade, exige também assumir a responsabilidade daquilo que se acredita. É possível cruzar esse limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. A Igreja que anuncia e transmite a fé imita o próprio agir de Deus que se comunica à humanidade dando o Filho, que infunde o Espírito Santo sobre os homens para regenerá-los como filhos de Deus.  Temos que vencer o mundo como Cristo o venceu! "Tende bom ânimo, Eu venci o mundo" (Jo 16,33).

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Ano Novo e a Cultura de Pentecostes


Na visão de muitos antropólogos, o homem possui uma necessidade de viver em ciclos, com marcos que possam estabelecer noções de términos e reinícios. Na tradição da cultura ocidental, no entanto, o tempo apresenta-se de forma linear e momentos como a "passagem de ano", por exemplo, parecem sugerir espontaneamente um "recomeçar a vida", num esforço de manifestar esse desejo cíclico do ser humano.

A passagem de ano é um momento em que “fim e começo” parecem se tocar. Nesse momento há um despertar da esperança no homem, um desejo de recomeçar a vida, os projetos, os sonhos. O clima celebrativo e de forte conotação emotiva tem conotação mágica. É em meio à necessidade de fazer uma revisão da etapa anterior e da prospectiva da etapa seguinte, e envolvidos por votos de felicidade, paz, amor etc., que surgem as promessas: eu prometo que este ano vou deixar este vício, emagrecer, estudar, economizar mais, vou ser melhor, vou rezar mais, amar mais, e por aí vai...  Poderíamos chamar isso de síndrome de fim de ano.

Esse assunto é tão presente no comportamento da sociedade, atualmente, que diversos programadores desenvolveram sites que pudessem "ajudar" as pessoas a decidirem sobre suas novas promessas... O psicólogo britânico Richard Wiseman realizou uma pesquisa sobre essas promessas de final de ano e sugere que apenas 10% das pessoas conseguem cumprir com as resoluções definidas no fim do ano. Não obstante, as promessas, novas ou renovadas, continuam sendo feitas. As promessas humanas parecem ser tão duráveis quanto o som e o brilho dos fogos.  As explosões dos “fogos” no céu acabam se tornando testemunhas de promessas humanas que cairão no esquecimento e não conseguirão ser cumpridas.

Mas, e nós, carismáticos, às portas de um novo ano que surge e envolvidos pelo desejo de moldar a Cultura de Pentecostes em nosso tempo, qual deve ser a nossa atitude nesse momento tão significativo para a sociedade ocidental?

Fazer “promessa” ou permitir que a promessa se cumpra?

O verbo latino promittere (prometer) significa pro= à frente + mittere= enviar, mandar, emitir. Nesse sentido, pode-se traduzir como "enviar adiante, mandar à frente", ou ainda "levar a esperar".  Prometer é comprometer-se a dar mais tarde. Diante de um grande desejo, a promessa "dá esperança" e propõe um compromisso.

Na Bíblia encontram-se mais de 8,5 mil promessas, sendo que aproximadamente 85% dessas promessas são feitas pelo próprio Deus ao homem. Cerca de mil promessas encontradas na Bíblia são feitas de uma pessoa para a outra. Há promessas feitas do homem a Deus, pelos anjos ao homem, de Jesus aos discípulos etc. Na verdade, podemos até nos referir à Bíblia como um livro de promessas e cumprimento. Muitas promessas cumpridas, outras se cumprindo atualmente e, ainda, outras que se cumprirão a seu devido tempo.

O Magistério nos ensina que "em várias circunstâncias, o cristão é convidado a fazer promessas a Deus. O Batismo e a Confirmação, o Matrimônio e a Ordenação sempre as contêm. Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação etc." (Catecismo 2101).

Para uma autêntica Cultura de Pentecostes na qual os comportamentos são resultantes de uma vida no Espírito, somos convidados a ter atitudes novas, também e especialmente num momento tão celebrativo e significativo como a passagem de ano. No entanto, ao invés de formular novas promessas fundadas no forte impacto emocional do momento, não seria uma nova e bela atitude comprometer-se em assumir as promessas, profecias e direcionamentos dados por Deus a nós? Esse não seria um momento propício para dizer aquele faça-se em mim segundo a Tua Palavra como fez Maria, Mãe de Jesus? Aliás, o dia 1º de janeiro, dia da Santa Mãe de Deus, oferece-nos a oportunidade de recordar-nos daquela que não se preocupou em fazer promessa, mas que permitiu em sua vida a realização da Promessa esperada desde a antiguidade!

Esta é uma boa hora para dizer "Sim!". Sim aos planos de Deus, e não às nossas vaidades e projetos pessoais. Sim à Palavra de Deus que pode gerar em nós a Vida nova, tão desejada nesse momento! Sim ao Amor de Deus que nos transforma para sermos pessoas melhores, mais humanas, mais santas!

Enquanto as luzes dos fogos iluminam a noite, aqueles que assumem o batismo no Espírito Santo deveriam trazer consigo o desejo de terem suas almas iluminadas pelo Espírito de Deus. Devem cantar "a nós descei, Divina Luz!", como quem reconhece a necessidade da claridade divina para não cair nas trevas do pecado. Deve-se reconhecer a necessidade da graça de Deus para se conseguir cumprir a própria vocação durante todo o novo ano, pois a graça de Deus nunca passará.

Compromisso com a Cultura de Pentecostes
Para dar forma à Cultura de Pentecostes, a nossa principal missão é "tornar o Espírito Santo conhecido e amado", segundo a orientação de João Paulo II. Da Renovação Carismática Católica não se deve esperar promessas, mas adesão às promessas de Deus! Atitudes de colaboração para a concretização das promessas de Deus em nosso tempo. "Derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo" (Jl 3,1). No coração de cada carismático, o réveillon deve configurar-se como um Novo Pentecostes. É uma excelente hora para apresentar os melhores frutos de evangelização do ano que terminou e aproveitar para encher as mãos de novas sementes da Palavra para serem lançadas, ao longo do ano, em cada canto de nosso país. E aqueles que não "apanharam nada durante o ano todo" devem dizer como Pedro a Jesus: "Confiantes na Tua Palavra, lançaremos a rede!" novamente (Lc 5,5).

Recomeçar, reconstruir!
Para a atualização da Cultura de Pentecostes necessitamos de testemunhas autênticas. Temos como primeiro e mais perfeito modelo de testemunha, Maria, Mãe de Jesus. Ela é testemunha do nascimento, do ministério, morte e ressurreição de Jesus. É testemunha de Jesus e é também testemunha do Espírito Santo. Foi por meio do Espírito que Maria concebeu, e quando Ele se manifestou no dia de Pentecostes ela estava lá com os discípulos. Maria torna-se o protótipo da Cultura de Pentecostes.

Hoje, como "participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho" (Ef 3,6), enquanto nos despedimos de um ano que entrará para a história da RCC pelo tanto de promessas de Deus realizadas na vida desse Movimento, tornamo-nos testemunhas oculares e ativas de tão grande e atual graça. Mais do que fazer novas promessas, devemos continuar assumindo o compromisso de sermos protagonistas para a civilização do amor, que somente poderá ser fecundada por meio da Cultura de Pentecostes estabelecida em nosso tempo.

Que Maria nos ensine a dizer Sim e a fazer tudo o que Jesus nos disser, neste novo ano!
Rogério Soares

Presidente do Conselho Estadual da RCC São Paulo
Coordenador do Grupo de Reflexão Teológica da RCCBRASIL

Entrevista com a nova presidente do Conselho Nacional


Eleita como nova presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil em setembro de 2012, Kátia Roldi Zavaris inicia, nessa semana, sua nova missão dentro do Movimento.

A posse oficial da nova presidência acontecerá no dia 24 de janeiro, durante a programação do Encontro Nacional de Formação 2013, em Canas/SP. Na ocasião, serão apresentados os demais membros da nova equipe como coordenadores nacionais de Ministérios e Comissões. Antes de serem oficialmente apresentados, tais nomes passam por homologação do Conselho Nacional que acontecerá em uma assembleia que antecede o ENF.

Confira abaixo, a entrevista na qual Kátia fala sobre a sua trajetória na RCC e partilha as motivações para o trabalho que desenvolverá à frente da RCC no período 2013/2016.

Portal RCCBRASIL: Como iniciou e se desenvolveu a sua caminhada na Renovação Carismática Católica?
Participo da Renovação Carismática Católica desde 1987. À convite de uma amiga, eu conheci o Grupo de Oração Rainha dos Apóstolos na Catedral de Vitória, capital do estado do Espírito Santo. Foi nesse Grupo que tive uma experiência pessoal com Jesus Cristo, me encantei por Ele e me encontrei como pessoa. Sou católica, nascida em uma família católica participante e praticante, mas foi com essa experiência que eu vivi no Grupo de Oração que minha caminhada começou. Com um ano de participação no Grupo de Oração eu já era serva. Meio ano depois, já fazia parte do núcleo do GO e, um ano depois, tornei-me coordenadora. Fui membro do Conselho da RCC da Arquidiocese de Vitória, depois coordenei o estado do Espírito Santo por sete anos e, por isso, participei então por sete anos do Conselho Nacional. Depois de dois anos, retornei ao Conselho, convidada pelo Marcos Volcan, como primeira secretária. Em junho de 2012 eu fui eleita coordenadora da RCC da Arquidiocese de Vitória e em 29 de setembro do mesmo ano, presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica do Brasil.

Portal RCCBRASIL: Fale um pouco sobre a sua vida profissional e pessoal.  
Sou formada em Letras - inglês pela Universidade Federal do Espírito Santo e atualmente tenho duas escolas de idiomas, uma em Vitória e outra em Vila Velha. Eu dou aula na escola todos os dias, e isso me realiza muito. E é bonito perceber que Deus usa a nossa vida como um todo, não tem como separar a vida profissional da espiritual, a nossa vida é uma única coisa, totalmente entregue a Ele. Comecei a fazer traduções em eventos católicos há doze anos, traduzo alguns pregadores aqui no Brasil e fora do país também. E para mim é uma alegria, faz parte da minha alma trabalhar com educação e mais especificamente com idiomas.

Sobre a vida familiar, sou casada com o Sérgio Carlos Zavaris, que também participa ativamente da RCC há bastante tempo, tendo sido coordenador nacional do Ministério de Fé e Política nos últimos anos. Nós não temos filhos, porque não podemos tê-los, mas o Senhor foi fazendo uma obra na nossa vida através de vários sinais, hoje nós temos muitos filhos espirituais.

Portal RCCBRASIL: Como é ser eleita Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL?

Eu me sinto muito honrada com esse chamado para coordenar a RCC do Brasil e em ser a primeira mulher a estar à frente do Movimento na história do Brasil. Sinto que foi uma escolha de Deus junto com Maria. Como disse Dom Alberto Taveira ao final da eleição lá em Aparecida/SP, creio que será um tempo de ternura e fortaleza mariana. Eu acredito que, com a intercessão de Maria, nós vamos conseguir ser obedientes àquilo que Ele quer para a RCC nesse tempo. A RCC tem caminhado através de uma visão profética para uma evangelização cada vez mais eficaz. O que eu sinto é que será um tempo de escuta profunda e de realizações ousadas, como tem sido até hoje, com o foco sempre na evangelização para que mais almas sejam alcançadas, para que mais pessoas possam ouvir falar do nome de Jesus Cristo e assumi-lo como Senhor.

Portal RCCBRASIL: Deixe uma mensagem aos membros do Movimento

Eu queria dizer pra todos nós que participamos da RCC do Brasil, para todos os Grupos de Oração que existem nesse país, que nós nascemos para evangelizar com renovado ardor missionário, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo.  Por isso, em nossa ação missionária e dentro dos nossos Grupos de Oração deve ser um tempo de profunda doação. Não podemos ter medo de dizer: “Senhor eis-me aqui! A minha vida é Tua, faça dela tudo o que o Senhor quiser. A Renovação é Tua, ela pertence a Ti, ela surgiu a partir de um sopro do Espírito Santo para evangelizar, para levar o Teu Nome aos quatro cantos da terra. Usa, Senhor, a Renovação Carismática Católica da forma que o Senhor quiser, ela Ti pertence, ela é Tua”.

Nesse ano de 2013, dentro da temática do Ano da Fé vivenciado por toda a Igreja, nós vamos viver, na RCC do Brasil, o tema “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (I Jo5, 4b).  Que nós possamos através dos Grupos de Oração, das formações e de todas as nossas atividades fortalecer nossa fé em Jesus que é o único Senhor, o único Salvador, o Verdadeiro Deus. Que Deus abençoe a
todos!